terça-feira, 16 de abril de 2024

A RELIGIÃO NOS LIMITES DA SIMPLES RAZÃO: PROSSEGUINDO COM OS TRABALHOS DESDE 2018 (IV)

 


Sobre "A religião nos limites da simples razão".

Na próxima sexta-feira, 19.04.2024, às 14h, os professores Bruno Cunha e Fernando Costa Matos farão uma discussão sobre "os desafios da tradução da obra de Kant".

Com transmissão pelo YouTube, no canal "Oficina de alemão":  https://www.youtube.com/@oficinadealemao


A obra:

"Em A religião nos limites da simples razão Kant se propõe investigar o núcleo racional da religião e sua relação com a religião histórica, desenvolvendo um discurso consistente sobre a “essência moral” do cristianismo, que culmina em um manifesto contra todo tipo de “entusiasmo” religioso. Ao fim, esse empreendimento revela-se, ao mesmo tempo, na perspectiva da filosofia crítico-transcendental, como uma investigação sobre as “condições de possibilidade” do progresso moral da humanidade e da realização do objeto último da razão, para o qual tanto a religião racional quanto a religião histórica desempenham um papel fundamental."

sábado, 13 de abril de 2024

POINCARÉ: SOBRE "CIÊNCIA E HIPÓTESE

 

Há pouco, relendo alguns trechos, numa pausa das leituras das obras de Kant e sobre Kant; estudando uma antiga tradução da obra “Religião nos limites da simples razão” soube que acabou de sair uma nova tradução que já acrescentei aqui para leitura assim que chegar (pedido feito).

Também, parei um pouquinho, para ler o anúncio de lançamento de uma outra obra, nova tradução também, do qual a editora da Associação Scientiæ Studia disponibilizou um capítulo que acabei de ler. Neste caso, trata-se da obra “Ciência e hipótese” de Henri Poincaré, que após encomenda espero receber em breve para iniciar a leitura da obra completa. Sobre Poincaré, após ter lido algumas de suas obras passei a me interessar mais pelo seu trabalho e acompanhar desde os "Ensaios fundamentais", "O valor da ciência" e “Últimos pensamentos”. 

Há muito tempo tenho interesse por esta da obra de Poincaré que esteve esgotada por muito tempo, e eu conheci alguns trechos do original francês. Meu principal interesse é entender melhor "[...] sua defesa do caráter convencional da métrica do espaço físico, que se opõe à visão kantiana de um sintético a priori e à visão empirista de algo extraído da experiência". 

Ou seja, dois Lançamentos recentes para leitura que farei, nas pausas da Oficina, assim que chegarem por aqui.

Segue abaixo um resumo da obra:

“A ciência e a hipótese, publicado em 1902, é o primeiro trabalho de Poincaré destinado a uma ampla audiência. O livro proporciona uma visão coesa da concepção do autor sobre o papel das hipóteses na ciência, em uma coleção de extratos de artigos organizados em um único volume. Poincaré defende que, tanto na matemática como na física, os cientistas se apoiam em hipóteses que não se enquadram nem como primeiros princípios a priori, nem como enunciados a posteriori derivados da experiência. Ele sugere que as hipóteses são convenções que não são completamente arbitrárias, mas antes guiadas pela experiência, embora sua adoção não seja exigida pela experiência. Um exemplo notável é sua defesa do caráter convencional da métrica do espaço físico, que se opõe à visão kantiana de um sintético a priori e à visão empirista de algo extraído da experiência. Poincaré também destaca a estrutura hierárquica das ciências, abordando primeiro as verdades lógicas e matemáticas, para depois considerar a mecânica e as ciências empíricas que fazem uso da indução e da teoria das probabilidades. Em resumo, A ciência e a hipótese oferece uma análise profunda da estrutura e da natureza da ciência do início do séc. XX, questionando pressupostos filosóficos estabelecidos e oferecendo uma perspectiva atual sobre a construção do conhecimento científico.”

Prossigamos!

______.

KANT Immanuel. Textos pré-críticos. São Paulo: Editora Unesp, 2005.

______. Textos seletos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

______. Crítica da razão pura. Tradução Valerio Rohden e Udo Moosburguer. Coleção Os Pensadores. São Paulo,Abril Cultural, 1983.

______. Dissertação de 1770. De mundi sensibilis ataque inteligibilis forma et princípio. Akademie-Ausgabe. Acerca da forma e dos princípios do mundo sensível e inteligível. Trad. apres. e notas de Leonel Ribeiro dos Santos. Lisboa: Imprensa Casa da Moeda. FCSH da Universidade de Lisboa, 1985.

______. Prolegômenos a qualquer metafísica futura que possa apresentar-se como ciência. Trad. José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Estação Liberdade, 2014)

______. Prolegômenos a toda metafísica futura. Lisboa: Edições 70, 1982.

POINCARÉ, Jules Henri. A ciência e a hipótese. Trad. Andersno Nakano. Prefácio João Príncipe. São Paulo Associação Scientiæ Studia, 2024.

______. O valor da ciência. Rio de Janeiro, RJ: Editora Contraponto, 2007.

______. Ensaio fundamentais. Rio de Janeiro, RJ: Editora Contraponto, 2008.

______. A ciência e a hipótese. Brasília, DF: Unb, 1988.

______. Últimos pensamentos. Biguaçu, SC: Editora 93, 2023.


sexta-feira, 12 de abril de 2024

A RELIGIÃO NOS LIMITES DA SIMPLES RAZÃO: PROSSEGUINDO COM OS TRABALHOS DESDE 2018 (III)

Aproveitando a excelente notícia de hoje, para mim!

Interessa-me muito ler mais esta tradução!

Já incluí nas referência básicas aqui.

Felicitações pela tradução professor Bruno Cunha .

"Em A religião nos limites da simples razão Kant se propõe investigar o núcleo racional da religião e sua relação com a religião histórica, desenvolvendo um discurso consistente sobre a “essência moral” do cristianismo, que culmina em um manifesto contra todo tipo de “entusiasmo” religioso. Ao fim, esse empreendimento revela-se, ao mesmo tempo, na perspectiva da filosofia crítico-transcendental, como uma investigação sobre as “condições de possibilidade” do progresso moral da humanidade e da realização do objeto último da razão, para o qual tanto a religião racional quanto a religião histórica desempenham um papel fundamental."

#editoravozes #colecaopensamentohumano

Ainda sobre "A religião nos limites da razão pura"

Link: https://marcosfilosofiamoderna.blogspot.com/.../a-religia...

 ______.

CUNHA, Bruno. A gênese da ética em Kant. São Paulo: Editora LiberArs, 2017.

KANT, Immanuel. Lições de ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

______. Lições sobre a doutrina filosófica da religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.

______. Die Religion Innerhalb Der Grenzen Der Bloße Vernunft. Walter de Gruyter, 2010. (Editado por Ottfried Höffe)

______. Die Religion innerhalb der Grenzen der bloßen Vernunft. W. de Gruyter, 1968.

______. A religião nos limites da simples razão. Edições 70, Lisboa, 1992. 

______. A religião nos limites da razão pura. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Editra Vozes, 2024

______.Vorlesung über die philosophische Encyclopädie. In: Kant gesalmmelte Schriften, XXIX, Berlin, Akademie, 1980, pp. 8 e 12).

______. Observações sobre o sentimento do belo e do sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. Tradução e estudo de Vinicius de Figueiredo. São Paulo: Editora Clandestina, 2018.

______. Observações sobre o sentimento do Belo e do Sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. (Trad. Vinícius Figueiredo). Campinas, SP: Ed. Papirus, 1993.

______. Observações sobre o sentimento do Belo e do Sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. Lisboa: Edições 70, 2012.

______. A religião nos limites da razão pura. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2024.

Um pouco mais (reli hoje):

"Filosofia da Religião de Kant": publicado pela primeira vez na terça-feira, 22 de junho de 2004; revisão substantiva, segunda-feira, 19 de abril de 2021.

Disponível em: Stanford Encyclopedia of PhilosophyAcesso em: 12 de abril de 2024. https://plato.stanford.edu/entries/kant-religion/


 

sexta-feira, 5 de abril de 2024

MEDITAÇÃO RETROSPECTIVA NOTURNA CLXIII: AINDA ENTRE KANT E HEGEL E A IMPORTÂNCIA DOS CLÁSSICOS

 


Em andamento... Brevíssima reflexão

É bem verdade que continuo estudando os temas entre a obra de Immanuel Kant e G. W. F. Hegel, lendo o que me aparece desde o período pré-crítico até seus desdobramentos no Idealismo alemão e no Romantismo alemão.

Nas pausas breves, releio algumas das obras de Dieter Henrich, algumas ainda por adquirir, mas as que já tenho acesso sigo estudando e, à medida que vou conseguindo acesso acrescento à bibliografia e às leituras urgentes.

Também de bastante relevância, para o que pretendo aqui nessa página e nas pesquisas, Henrich apresenta vários elementos da filosofia kantiana e hegeliana, e seus desdobramentos temáticos a que tenho me dedicado há algum tempo. Sobre isso tenho que refletir e preciso escrever em momento oportuno.

Sempre preocupado em estudar os clássicos detidamente, a esta anotação acima acrescento um pequeno texto do professor Marco Aurélio Werle, respeitado estudioso dos autores alemães:

Um “problema” (ou não, sei lá) de formação que vejo, já faz mais de dez ou quinze anos, na filosofia é o fato de que os jovens são muito cedo impelidos ou forçados a não só ler textos, mas a produzir textos próprios. Isso faz com que poucos tenham tempo para uma leitura mais demorada e densa, sendo que recorrem a sinopses e resumos. Por exemplo, qual jovem hoje atravessa a República de Platão, a Crítica da razão pura de Kant, a Fenomenologia do espírito de Hegel ou Ser e tempo de Heidegger? Digo, atravessar mesmo, percorrer toda a obra, para “sentir” a potência do que tem pela frente... Sem isso, facilmente se toma estes monumentos como sendo opiniões apenas...

Por considerar importantíssimo, pedi ao professor autorização para reproduzir sua reflexão. Os dias atuais têm mostrado isso. Tenho observado com frequência que isso acontece. Aliás, quando não fazem isso que o professor Marco Aurélio Werle identifica, noto que é recorrente o “estudo” de autores “contemporâneos” que tem exatamente como objetivo “desconstruir”, “ressignificar” os clássicos quando leem. Ou seja, quando leem é para colocar em “suspeita”. Não vejo nisso grande vantagem filosófica.

Ademais, "Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer." (CALVINO, 2007, p. 11)

______.

CALVINO, Italo. Porque ler os clássicos. São Paulo: Companhia das letras, 2007.

HEGEL G. W. F. Fenomenologia do espírito. 9. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

HEIDEGGER, M. Sein und Zeit. Tübingen: M. Niemeyer, 1986.

______. Ser e Tempo. Trad. Fausto Castilho. Campinas - SP: Ed. Unicamp, 2012.

HENRICH, Dieter. The unity of reason: essays on Kant's philosophy. Trad. Jeffrey Edwards. Richard L. Velkely (editor). Library of Congress Cataloging-in-Publication Data. Oxford University Press, 1994.

______. Between Kant and Hegel: lectures on german idealism. Harverd University Press: Cambridge, Massachusssets; London, England, 2008.

______. Grundlegung aus dem Ich: Untersuchungen zur Vorgeschichte des Idealismus. Tübingen – Jena 1790–1794. Suhrkamp Auflage, 2004.

______. Konstellationen: Probleme und Debatten am Ursprung der idealistischen Philosophie (1789-1795).  Klett-Cotta /J. G. Cotta'sche Buchhandlung Nachfolger, 1991.

______. Denken und Selbst: Vorlesungen über Subjektivität. Suhrkamp, 2016.

______. Pensar e ser si mesmo: preleções sobre a subjetividade. (Trad. Markus A. Hediger; Lucas Machado. Petrópolis, RJ: Vozes, 2018.

KANT, Immanuel. A religião nos limites da simples razão. Edições 70, Lisboa, 1992. 

______.Vorlesung über die philosophische EncyclopädieInKant gesalmmelte Schriften, XXIX, Berlin, Akademie, 1980, pp. 8 e 12).

______. Observações sobre o sentimento do belo e do sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. Tradução e estudo de Vinicius de Figueiredo. São Paulo: Editora Clandestina, 2018.

______. Observações sobre o sentimento do Belo e do Sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. (Trad. Vinícius Figueiredo). Campinas, SP: Ed. Papirus, 1993.

______. Observações sobre o sentimento do Belo e do Sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. Lisboa: Edições 70, 2012.

______. Die Religion innerhalb der Grenzen der bloßen Vernunft. W. de Gruyter, 1968.

______. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Guido A. de. São Paulo: Discurso editoria: Barcarola, 2009.

______. Textos pré-críticos. São Paulo: Editora Unesp, 2005.

______. Textos seletos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

______. Investigação sobre a clareza dos princípios da teologia e da moral. Lisboa: Imprensa Casa da Moeda, 2007.

_____. Lições de Ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Feldhaus. São Paulo: Unesp, 2018.

______. Lições sobre a Doutrina Filosófica da Religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis: Vozes/ São Francisco, 2019.

______. Lições de Metafísica. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis: Vozes/São Francisco, 2021.

______. Crítica da razão pura. Tradução Valerio Rohden e Udo Moosburguer. Coleção Os Pensadores. São Paulo,Abril Cultural, 1983.

______. Dissertação de 1770. De mundi sensibilis ataque inteligibilis forma et princípio. Akademie-Ausgabe. Acerca da forma e dos princípios do mundo sensível e inteligível. Trad. apres. e notas de Leonel Ribeiro dos Santos. Lisboa: Imprensa Casa da Moeda. FCSH da Universidade de Lisboa, 1985.

______. Prolegômenos a qualquer metafísica futura que possa apresentar-se como ciência. Trad. José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Estação Liberdade, 2014)

______. Prolegômenos a toda metafísica futura. Lisboa: Edições 70, 1982.

______. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? InEstudos Kantianos, Marília, v. 8, n. 2, p. 179-189, Jul./Dez., 2020.

______. Crítica da razão prática. Tradução de Valério Rohden. São Paulo, Martins Fontes, 2002.

PLATÃO. República. 12. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2001.

______. República. 3. ed. Belém, PA: EDUFPA. Trad. Carlos Alberto Nunes, 2000.

 

 

quinta-feira, 4 de abril de 2024

MEDITAÇÃO RETROSPECTIVA NOTURNA CLXII: : "CONTINUIDADE, REGULARIDADE E RECOLHIMENTO" NOS ESTUDOS

(IMAGEM: "Pinterest")

Independenteme das circuntâncias externas, para Epicteto, a verdadeira Liberdade está em controlar nossas ações e reações.

"A multidão mais grosseira considera que o bem e a felicidade é o prazer, e consequentemente adoram uma vida de gratificação […] Assim, parecem completamente escravizados, dado escolherem uma vida que pertence aos ruminantes. Mas têm realmente um argumento em sua defensa, dado que muitos dos poderosos […] têm a mesma convicção. (ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. 1095b; 16-23)"

I. Proposta: alguns passos a serem seguidos, considerando a meta de um prokppton

Das minhas leituras e releituras, tenho extraído, entre outras a seguinte recomendação: primeiro, um exercício de distanciamento, para longe de propostas “mercadológicas” de sucesso rápido, é o passo inicial. Segundo, a dedicação e atenção (prosoché - προσοχῆς) ao tempo e disposição para uma reviravolta e “olharmos para dentro”, para um autoconhecimento.

É aqui, juntando às reflexões de uma “filosofia de vida” adotada ainda na adolescência, que passei a estudar a obra dos estoicos, apresentada a mim, como mera autoajuda, equívoco que com o tempo vou corrigindo. Ora, se for mera “autoajuda”, temos uma autoajuda de uma qualidade imprescindível, exatamente por apresentar uma proposta de “olhar para dentro, de autoconhecimento” e que necessariamente, não pagamos para alcançá-la.

Assim, diz Musônio Rufo a alguém que se sentia cansado e derrotado: 

“Por que estás parado? Pelo que esperas? Que o próprio Deus, estando ao teu lado, dirija-te a palavra? Corta a parte morta da tua alma, e conhecerás Deus”.  

A consequência deste "despertar", lido em Epicteto, é aquele primeiro passo dito acima.

Portanto:

Ser estoico, afinal, o que é?  Do mesmo modo que chamamos “fidíaca” a estátua modelada segundo a arte de Fídias, mostrai-me igualmente um ser humano enfermo e feliz, em perigo e feliz, desprestigiado e feliz. Mostrai-me. Pelos deuses! Desejo ver um estoico. (EPICTETO. D. 2.19.23-27). 

Talvez, não ser um estoico, sabido que já tenho uma “filosofia de vida” bem definida a orientar-me, como também disse acima, mas revisitar as obras clássicas, é o desafio posto e mantido. Não dá para aceitar nem cogitar minimamente, as estapafúrdias propostas hodiernas.

II. Assim, nesse “projeto” revisito as “Quatro virtudes” no mundo clássico “antigo”:

“The Four Virtues of the Classical world. Very little is needed in order to raise good human communities. But this 'very little' is indispensable.

As Quatro Virtudes do mundo clássico. Muito pouco é preciso para criar boas comunidades humanas. Mas este 'muito pouco' é indispensável.

Четыре добродетели классического мира. Совсем немного требуется, чтобы воспитать хорошие общества. Но без этого «немного» не обойтись.”

---
Credit: 
Michel Daw for the image.

phronêsis (prudência / sabedoria prática): O conhecimento de saber o que é bom e o que é mau. Tomar decisões lógicas sobre o que devemos ou não fazer com base em nosso conhecimento e experiência.

sôphrosunê (temperança / moderação): Refere-se à moderação em todos os aspectos da vida. Não levando uma vida de excessos, tendo controle sobre nossos impulsos, emoções (boas e más), e favorecendo uma meta de felicidade e contentamento de longo prazo em vez de prazeres de curto prazo.

andreia (fortaleza / coragem): Coragem é decidir como agir em tempos de provação. Apesar do que muitos pensam, não é a ausência de ansiedades e medos, mas sim a forma como alguém age apesar da ansiedade e do medo. A resiliência diante da adversidade.

dikaiosunê (justiça / moralidade): O ato de fazer o que é certo e justo - e mantê-lo sempre, principalmente nos momentos difíceis. Essa ideia de justiça é fazer o que é certo em sua comunidade e como agimos em relação aos outros de acordo com a lei. Do ponto de vista estóico, a justiça é um dever para com os outros ao nosso redor e deve orientar as decisões, especialmente em tempos tumultuados.


III. A “metanoia”

Aqui, segundo os estoicos e que refletimos essa manhã, em conjunto com técnicas de TCC, é necessária uma mudança no modo de olhar o mundo e nas ações, uma conversão: uma metanoia.

E, o caminho é reeducarmo-nos na busca do Bem que está ao alcance de cada um, para que, daí descubra que o que lhe sucede não é necessariamente um mal a paralisá-lo. Haverá o que lhe foge ao controle, a “Dicotomia do controle”, como lemos em (Epicteto. Encherídion, I, 1). Isso é o que se exige de cada um:  e por isso, o esforço, prática e “exercício” no que está sob seu controle: o interior. Esse o trabalho imediato. O que é exterior está para além do nosso controle.

Só assim volveremos às bases mais sólidas para reformulação do nosso comportamento e,  como consequência, qualificaremos nossos hábitos. Sempre atento e vigilante, o prokopton sabe o que quer fazer a cada instante e, compreende o que está sob seu controle e o que não está. Viverá, assim, sua vida: tranquilamente.

Uma boa reflexão a ser feita mais vezes...

Duas coisas, portanto, muito prezadas por aqui: a Liberdade e busca constante por Virtudes visando a “cura das paixões”.

Liberdade a que me atenho:

"A liberdade não tem nada a ver com a liberdade em um sentido social ou político, a liberdade que interessa a Epictetus é inteiramente psicológica e atitudinal, é a liberdade de ser restringido ou impedido por qualquer circunstância externa ou reação emocional". (LONG)

E, o grande projeto existencial:

“As virtudes da coragem e da moderação melhoram nosso caráter e nossas vidas de modo geral quando são praticadas com sabedoria, enquanto a maioria das coisas que almejamos nos proporciona apenas prazer passageiro” (Robertson, 2020, p.148)

Pois:

O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe dá.”[1] (KARDEC, 2013) E, para isso é fundamental nos estudos “a continuidade, a regularidade e o recolhimento[2]”.

Desafio a enfrentar... ou, continuar ...

...

(Grifos e Destaques são meus)

 

______.

BECK, Aaron T; Alford, Brad A. O poder integrador da terapia cognitiva. Porto Alegra, RS: Artmed, 2000.

BECK, Judith S. Terapia cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre, RS, 2997.

CALVINO, Italo. Por que ler os clássicos. Trad. Milton Moulin. São Paulo: Companhia de bolso, 2007.

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

______. Epictetus Discourses. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

______. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments: Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

GALENO. Aforismos. São Paulo: E. Unifesp, 2010.

______. On the passions and errors of the soul. Translated by Paul W . Harkins with an introduction and interpretation by Walter Riese. Ohio State University Press, 1963.

GAZOLLA, Rachel.  O ofício do filósofo estóico: o duplo registro do discurso da Stoa, Loyola, São Paulo, 1999.

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

______. A filosofia como maneira de viver: entrevistas de Jeannie Carlier e Arnold I. Davidson. (Trad. Lara Christina de Malimpensa). São Paulo: É Realizações, 2016.

______. Exercícios espirituais e filosofia antiga. Trad. Flávio Fontenelle Loque, Loraine Oliveira. São Paulo: É Realizações, Coleção Filosofia Atual, 2014.

HANH, Thich Nhat. Meditação andando: guia para a paz interior. 21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

______. Silêncio: o poder da quietude em um mundo barulhento. Rio de Janeiro, RJ: Harper Collins, 2018.

HUIZINGA, Johan. Nas sombras do amanhã: um diagnóstico da enfermidade espiritual de nosso tempo . - Trad. Sérgio Marinho, Goiânia-GO: Editora Caminhos, 2017.

INWOOD, Brad. Reading Seneca: stoic philosophy at Rome. Oxford, Reino Unido: Clarendon Press, 2005.

IRVINE, William B. A Guide to the Good Life: the ancient art of Stoic joy. New York: Oxford University Press, 2009.

KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). (O Livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro, ______. O livro dos Espíritos. 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica). Brasília, DF: Feb, 2013.  ("As virtudes e os vícios": Q. 893-906); (Q. 903-919 "paixões" e 920-933 "felicidade").

LEBRUN, Gérard. O conceito de paixãoIn: NOVAES, Adauto (org.). Os sentidos da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 1987.

LONG, A.A. A stoic and Socratic guide to life. New York: Oxford University Press, 2007.

______. Epictetus: a stoic and socratic guide to life. New York: Oxford University Press. 2007.

______. (Org.) Primórdios da filosofia grega. São Paulo: Ideias e Letras, 2008..

LUTZ, C. Musonius Rufus: the roman Socrates. Yale Classical Studies 10 3-147, 1947.

MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

ROBERTSON, Donald. The Philosophy of Cognitive Behavioural Therapy (CBT): stoic philosophy as rational and Cognitive Psychotherapy. Londres  :Karnac Books, 2010.

______. Pense como um imperador. Trad. Maya Guimarães. Porto Alegre: Citadel Editora, 2020.

______. How to think Like a roman emperor: the stoic philosophy of Marcus Aurelius. New York: St. Martin's Press, 2019.

ROSSETI, Livio. O diálogo socrático. São Paulo: Paulua Editora, 2014.

SCHNEEWIND, Jeromé. Obligation and virtue: an overwien of Kant's moral philosophy. The Cambridge Companio to Kant. United Kingdom. Cambridge University Press, 1992.

______. Aristotle, Kant and the stoics: rethinnking happiness and duty. Cambridge University Press; Edição: Reprint, 1998.

SELLARS, J. The art of living: the stoics on the nature and function of philosophy. Burlington: Ashgate, 2003.

SÊNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

______. Edificar-se para a morte: das cartas morais a Lucílio. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.

____. Sobre a clemência. Introdução, tradução e notas de Ingeborg Braren. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

____. Sobre a ira. Sobre a tranquilidade da alma. Tradução, introdução e notas de José Eduardo S. Lohner. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2014.

____. Moral Essays. Tradução de John W. Basore. Cambridge, EUA: Harvard University Press, 1985.  https://www.loebclassics.com/.

______. Sobre a brevidade da vida. Porto Alegre, RS: L&PM, 2007.



[1] KARDEC,  2013.

[2] Op. Cit.

segunda-feira, 1 de abril de 2024

MEDITAÇÃO RETROSPECTIVA NOTURNA CLXI: ANOTAÇÕES SOBRE A PSICOLOGIA E "L'EXPERIENCE RELIGIEUSE" DE WILLIAM JAMES


Posso pôr-me na atitude do homem de ciência e imaginar vivamente que nada existe fora da sensação e das leis da Matéria; mas, não posso fazê-lo sem uma admoestação interior: “Tudo isso é fantasmagoria”! Toda a experiência humana, em sua viva realidade, me impele irresistivelmente a sair dos estreitos limites onde pretende encerrar-nos a Ciência. O mundo real é constituído diversam, é muito mais rico e complexo que o da Ciência.” (WILLIAM JAMES. L’Expérience Religieuse)

Então, interrompendo brevemente as atividades para uma leitura fora do já necessário e, ao escolher o que ler deparei-me com estas duas obras, uma sobre a psicologia de William James e "L'experience religieuse" também de William James. Muito bons!

Estou entre os leitores que tenho muito interesse no tema. E, aqui: algum tempo de de ter lido e relido um guia interessante escrito   por David Leary sobre os princípios de psicologia de William James:

"O Routledge Guia de Princípios da Psicologia de James é uma introdução acessível e atraente para um texto monumental que tem influenciado o desenvolvimento tanto da ciência psicológica e pragmatismo filosófico em aspectos importantes e duradouras. Escrito para leitores que se aproximam da obra clássica de William James pela primeira vez; bem como para aqueles sem o conhecimento de todo o seu alcance, este guia não só coloca este trabalho dentro de seu contexto histórico, também fornece explicações claras de seus aspectos e argumentos, e examina a sua relevância dentro da psicologia de hoje e da filosofia.

Oferecendo uma leitura atenta deste texto, O Routledge Guia de Princípios da Psicologia de James é dividido em três partes principais:

• Background

• Principles

• Elaborations.

Ele também inclui dois apêndices úteis que descrevem as fontes de vários capítulos de James e indicar as coberturas paralelas de dois textos posteriores escritos por James, uma versão abreviada de seus Princípios e um primer psicológica para os professores. Esta é uma leitura essencial para quem quer entender este trabalho influente."

______

A esta obra, acrescento uma obra que estou lendo nas horas vagas. Trata-se de: L'expérience religieuse: essai de psychologie descriptive, também de William James.

 “Este trabalho foi selecionado por estudiosos como sendo culturalmente importante e faz parte da base de conhecimento da civilização tal como a conhecemos.

Esta obra está em "domínio público nos Estados Unidos da América e possivelmente em outras nações. Nos Estados Unidos, você pode copiar e distribuir esta obra, pois nenhuma entidade (individual ou corporativa) possui direitos autorais sobre o corpo da obra.

Os estudiosos acreditam, e nós concordamos, que esta obra é importante o suficiente para ser preservada, reproduzida e disponibilizada ao público em geral. Agradecemos seu apoio ao processo de preservação e obrigado por ser uma parte importante para manter esse conhecimento vivo e relevante.”

“This work has been selected by scholars as being culturally important, and is part of the knowledge base of civilization as we know it.

This work is in the "public domain in the United States of America, and possibly other nations. Within the United States, you may freely copy and distribute this work, as no entity (individual or corporate) has a copyright on the body of the work.

Scholars believe, and we concur, that this work is important enough to be preserved, reproduced, and made generally available to the public. We appreciate your support of the preservation process, and thank you for being an important part of keeping this knowledge alive and relevant.”

Conferências apresentadas em Édimburgo em 1901 e 1902, inteiramente reunidas pelo tradutor.

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A RELIGIÃO NOS LIMITES DA SIMPLES RAZÃO: PROSSEGUINDO COM OS TRABALHOS DESDE 2018 (IV)

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